psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
OBJETIVO DO RELATÓRIO
Reconhecer
nos sujeitos os aspectos do desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e
social.
Construir
uma análise crítica das observações realizadas a luz das diferentes teorias do
desenvolvimento da aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A psicologia é a
ciência que estuda os processos mentais e os comportamentos humano, delineados
a partir dos domínios biossocial, cognitivo e psicossocial. Portanto, faz-se
fundamental no estudo da infância, adolescência e consequentemente na prática
docente.
Com base nessa
afirmativa, a proposta do relatório a ser apresentado é a representação da
prática e da teoria, como elementos indissociáveis. Ministrado por informações
pertinentes para o aperfeiçoamento da atuação do pedagogo e desenvolvimento do
educando.
Como método
comparatório e com finalidade de aprimorar a assimilação do conteúdo, o
trabalho possui referenciais de teóricos como Jean Piaget, Sigmund Freud, Lev
Vygotsky, Erik Erikson, Frederic Skinner, Paulo Freire e Henri Wallon, através
de suas concepções que contribuíram positivamente para revolução do processo de
ensino-aprendizagem.
Dados do(a) aluno(a) observado(a)
Nome: Giovana
Idade: 5 anos
Escolaridade: Pré-escola I
Período de observação: 22/09/2019 a 22/10/2019
RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
PRIMEIRA
SEMANA DE OBSERVAÇÃO
De acordo com a
psicologia para que o educando possa se desenvolver em pleno potencial humano,
é necessário que seja ofertado a ele um ambiente saudável. Mediante a essa
perspectiva, pode-se afirmar que o espaço escolar em que a Giovana se
encontrava era um ambiente adequado, pois havia compreensão sobre a aluna, seu
nível de desenvolvimento, possibilidades, graus de dificuldades, como sua forma
de interação e reação a estímulos. Além disso, era muito bem acolhida por seus
colegas que compreendiam que em alguns momentos ela teria que sair da sala ou
fazer gestos repetitivos para se acalmar, etc.
Ao longo da observação,
tornou-se aparente como dezenas de características se enquadram perfeitamente
aos três domínios predominam nas diferentes etapas da vida, o que reafirma a
eficácia da teoria de Jean Piaget sobre conhecer a criança estudando seu
domínio biossocial, cognitivo e psicossocial.
Devido ao TEA (Transtorno
do Espectro Autista) a Giovana mostrava-se uma criança muito hiperativa e por
meio de sua hiperatividade torna-se visível sua predisposição para habilidades
físicas/psicomotoras. Apesar de mostrar-se adaptada com os barulhos de uma sala
de aula, era notável que possuía uma audição apurada, amava mexer com tintas e
pintar com suas próprias mãos. Seus pais estabelecem uma rotina para que além
das terapias e aulas, ofertem fatores sociais que possam contribuir para seu
desenvolvimento e proporcione também uma melhoria no déficit de relacionamento.
Suas emoções tendem a
ser instáveis, passa a maior parte do tempo tranquila, mas repentinamente pode
entrar em uma crise, levando-a a ter um temperamento mais elevado. Uma menina
que não apresenta comportamentos agressivos, não é muito afetuosa mas em alguns
momentos consegue se achegar a alguns colegas para brincar, dividir alguns
brinquedos, mas sem ações muito radicais.
Um ponto forte e
extremamente marcante do autismo é o hiperfoco, que faz com se tornem os
melhores naquilo que gostam, pois a isso voltam sua percepção e
consequentemente obtém o discernimento do conteúdo e o mesmo acaba a oferecer
estímulos a sua memória e linguagem. Essa característica diz muito sobre como
trabalhar com essa aluna, pois ao trazer o conteúdo da forma como ela gosta
trará bons resultados.
Através das informações
descritas e pautadas respectivamente nos domínios segundo Piaget, nota-se que
analisar o aluno através que desses domínios, permite ter visão biossocial que
implica o conhecimento de sua saúde e contexto social, psicossocial que diz
respeito ao temperamento e emoções. Com esse conhecimento, o docente atribui
valores a sua prática mediadora no processo de desenvolvimento e aprendizado
quando conhece o aluno.
SEGUNDA
SEMANA DE OBSERVAÇÃO
No início da segunda
semana a menina mostrava-se hiperativa somente em momentos nos quais envolviam
muitas ações de várias pessoas. Durante a apresentação da peça teatral “João e
o Pé de Feijão” queria tocar em tudo, estar em relação com os objetos, imitar
aqueles que apresentavam a peça, como no estágio sensório-motor e ao mesmo
tempo tantos porquês relacionados a eles como no estágio pré-operatório.
Por volta do meio da
semana, durante um momento de pintura nas mãos, a aluna pediu que pintasse nela
uma vaca, totalmente diferente das pinturas que estavam sendo feitas, e assim
fiz. Enquanto continuava as pinturas em outros colegas, ela se mostrava
eufórica, caminhava e dava pulos, depois voltava, olhava a pintura dos colegas
e as borrava, e rapidamente tentar mexer nas tintas. Como descrito no início, a
turma compreende Giovana, mas mesmo assim tinha que contornar a situação, pois
eles também tinham que participar desse momento. Como outra forma de usar a
compreensão das crianças, sempre que ela se aproximava pedia que esperassem
enquanto deixava que ela fizesse uma pintura em mim, que foi quando mais chamou
minha atenção. Falava perfeitamente as partes da planta enquanto pintava uma
flor amarela em meu braço “Primeiro uma bola, depois as pétalas, o caule...”
quando terminava caminhava novamente, dava saltos e depois voltava para pintar
outra flor mim, por cerca de três vezes e não importava qual criança estivesse
com a vez, sempre se mostravam empáticos. Essa momento definitivamente foi um
marco na minha concepção pedagógica e ressalta o valor da afetividade pregado
por Henri Wallon pois tanto a menina como a turma tem a capacidade de ser
afetados positivamente por situações internas e externas e também traz a
memória a teoria de Vygotsky que diz que a criança constrói conhecimentos,
permanentemente, nas situações de interação e interlocução que vive dentro e
fora da escola – que aprende com o professor, com outras crianças e adultos. Ou
seja, através da observação do teatro assistido e que no mesmo foi apresentado
o ciclo das plantas e suas partes, interação com os objetos, a aluna construiu
novos conhecimentos e ao mesmo tempo se desenvolveu.
TERCEIRA
SEMANA DE AVALIAÇÃO
A professora ministrou aulas sobre animais de fazenda. Giovana mostrou-se extremamente focada, e amava quando a professora falava sobre a vaquinha. A menina ficou muito empolgada quando em uma das aulas, tirou o leite do animalzinho. Para isso foi utilizada uma vaca de pelúcia e luvas de silicone para simular de fato o animal e as crianças participarem de forma lúdica. Mediante a tanto apreço que a menina demonstrava, lembrei que esse era o pedido da menina na hora da pintura, uma vaca!
Esses fatos fazem com que transpareça o hiperfoco da criança autista e a importância associar a prática aos domínios cognitivos, psicossociais, biossociais e aspectos culturais. Paulo Freire, no durante o processo educacional, deve ocorrer trabalhos com temas geradores, extraídos da realidade e do meio do aluno, afim de promover uma consciência.
Ao trazer temas que fazem parte do contexto social da criança ou um assunto que seja do interesse da mesma, vai gerar um entusiasmo que irá neutralizar a aula e facilitará a assimilação do conteúdo, tirando-o de um contexto de memorização e colocando-o, de fato, como aprendizado.
QUARTA SEMANA DE OBSERVAÇÃO:
Giovana mostrou-se em equilíbrio com a percepção e participação. Esse fator, reflete como um resultado positivo de ministrar uma aula levando em consideração as características da turma/aluno e seu contexto social. A partir disso, passou a desenvolver-se melhor nas atividades e apresentou melhoria em sua coordenação motora e interações sociais.
DESCRIÇÃO DA ALUNA COM BASE NA OBSERVAÇÃO:
Giovana é uma aluna com Transtorno do Espectro Autista, matriculada na modalidade infantil pré-escolar da rede pública – região oeste do Rio de Janeiro.
Devido os déficits e problemas comportamentais que uma criança com TEA apresenta, no início da observação a menina mostrava dificuldade no desenvolvimento psicomotor, que obteve uma melhoria significativa devido a atividades lúdicas em sala de aula e atividades da aula de Educação Física, e também contribuiu para que ela conseguisse, aos poucos, perceber os limites entre seu interno e externo.
Sua memória mostra excelentes resultados de seu hiperfoco, levando-a a ter um aprendizado significativo.
Apesar de ser bem acolhida em sua turma, a menina ainda apresenta dificuldades de interação social em muitos momentos de seu cotidiano escolar. Em momento algum age com agressividade.
OBSERVAÇÃO COM BASE NAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO
A
Psicologia do Desenvolvimento tem como finalidade observar, descrever e
explicar as principais mudanças vividas pela criança durante seu desenvolvimento.
A observação descrita nesse relatório, ressalta a contribuição de teóricos por
meio de suas concepções.
Sigmund Schlomo Freud (1856/1939) foi um médico neurologista e é conhecido como o “pai da psicanálise”, por conta da sua extensa contribuição para o surgimento desse campo clinico que tem enfoque na psique humana. Formulou teorias como do “Id, Ego e Superego”, do “Complexo de Édipo” e do “Desenvolvimento Psicossexual”.
O primeiro grande conceito desenvolvido por Freud foi o de Inconsciente.
Freud concebeu o inconsciente como a instância onde se acumula a energia que
está na base da construção do humano, reduzindo essa grande “fonte energética”
ao impulso ou pulsão sexual.
Ele afirmou que nada ocorre por acaso e, muito menos, os processos mentais.
Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é
determinado pelos fatos o que o precederam (determinismo psíquico). Em termos
de sexualidade que ele explorou o mundo do inconsciente. É neste contexto que
aparecem os diferentes estágios do desenvolvimento: 1ª fase – Oral, de
0 a 1 ano, 2ª fase – Anal, de 1 aos 3 anos, 3ª fase Fálica, de 3 aos 5 anos, 4ª
fase Latente, dos 5/6 anos, até a puberdade, por volta dos 12 anos, 5ª fase
Genital, a partir dos 11/12 anos, até que o adolescente atinja a vida adulta.
As características de Giovana enquadram na fase Latente visto que a menina apresenta-se mais calma e sem atenção voltada para a região genital. Já desenvolve competência a nível estudantil e gasta parte de sua energia em atividades.
Erik Homburger Erikson (1902/1994) foi um psicanalista responsável pela Teoria do Desenvolvimento Psicossocial. Essa teoria possui oito fases (ou estágios) que contribui para formação da personalidade, pois decorrem do nascimento até a morte, pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê e de infância, e as três últimas aos anos adultos e à velhice. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial, composta de uma vertente positiva e uma negativa. As oitos Fases do Desenvolvimento Psicossocial são: Confiança x Desconfiança (até o primeiro ano de idade), Autonomia x Vergonha e Dúvida (segundo e terceiro ano de idade) Iniciativa x Culpa (quarto e quinto ano de idade), Construtividade x Inferioridade (sexto ano até décimo primeiro ano de idade) Identidade x Confusão de Papéis (décimo segundo ano até décimo oitavo ano de idade), Intimidade x Isolamento (jovem adulto), Produtividade x Estagnação (meia idade), Integridade x Desesperança (velhice)
Giovana encontra-se na 3ª fase (Iniciativa x Culpa) pois muitas vezes mostrou-se curiosa, tomando iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos, como por exemplo, quando perguntava tudo sobre a peça teatral de João e o Pé de Feijão. A vertente negativa (Culpa) não ficou aparente durante a observação, mas caso a menina fosse reprimida ao ter suas perguntas ignoradas, ou inferiorizadas poderia desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua interação e até mesmo atrasar o seu desenvolvimento de aprendizagem.
Jean William Fritz Piaget (1896-1980) foi um biólogo,
psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores
do século
XX.
A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento, considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana, conhecidos como Estágios do Desenvolvimento, que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento São eles: sensório-motor (do nascimento aos 2/3 anos), pré-operatório/intuitivo (dos 2/3 aos 6/7 anos), operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) e operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos)
Giovana está no estágio pré-operacional, pois, de acordo com Piaget, nessa etapa a criança inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. Aluna é cheia dos porquês, entusiasmada e sempre que possível tenta trazer suas imaginações para a realidade através do famoso “faz-de-conta”.
B. F. Skinner (1904/1990), o cientista do comportamento
e do aprendizado, um psicólogo behaviorista, inventor e filósofo norte-americano.
A
Educação foi uma das preocupações centrais de Skinner, à qual ele se dedicou
com seus estudos sobre a aprendizagem e a linguagem. Para o psicólogo
behaviorista norte-americano, a educação deve ser planejada passo a passo, de
modo a obter os resultados desejados na "modelagem" do aluno.
A
palavra chave da teoria de Skinner é comportamento. Para ele, a aprendizagem
concentra-se na capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou
indesejáveis. Ele defendia que dessem aos alunos "razões positivas"
para estudar. “Para Skinner, o ensino deve ser planejado para levar o aluno a
emitir comportamentos progressivamente próximos do objetivo final, sem que para
isso precise cometer erros”.
O comportamento da Giovana expressava muita hiperatividade, mas ao
receber estímulos através de aulas que a levavam a ter foco no conteúdo, o
comportamento foi se aliando, pois haviam razões positivas para estudar.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a psicologia é um vasto campo, que atribui a prática
docente, através de ferramentas capazes de revolucionar o ensino, tendo como
finalidade o desenvolvimento pleno do aluno. Sem essas ferramentas, o aprendizado do aluno
torna-se vago, sem significado, o que pode ocasionar até mesmo em um fracasso
escolar.
O estudo que a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem oferta,
humaniza o processo de ensino aprendizagem, quebrando um paradigma que coloca a
criança em um contexto no qual ela apenas receberá conteúdos que deverá
aprender ou memorizar, quando na verdade precisa-se de muito mais para que de
fato haja um aprendizado.
Se
o papel do professor é ensinar e o do aluno é aprender, a Psicologia da Aprendizagem
tenta contribuir como uma ponte, para que este processo de ato pedagógico,
tenha êxito.
Por meio das teorias do desenvolvimento, amplia-se o olhar pedagógico,
pois ela atribui significados a cada etapa do processo estudantil, ajudando o
docente a adaptar e ajustar seu ensino de acordo com o nível dos alunos e seu
contexto social, formando um indivíduo plenamente desenvolvido.