segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Transtornos de Personalidade

 

Análise psíquica

 O transtorno de personalidade é caracterizado como um “desvio” significativo nos traços de personalidade. Pessoas que possuem transtorno de personalidade costumam ser inflexíveis e bastante instáveis em suas relações e atividades, prejudicando a adaptação da pessoa a situações do dia-a-dia e causando sofrimento e incômodo em seus relacionamentos pessoais e outras áreas de sua vida.

Principais características que podem ser notadas como ponto chave, são sentimentos e sintomas como: ansiedade, agressividade, desconfiança, rancor, isolamento social, introspecção, indiferença, picos de humor, insegurança, sensação/medo de abandono, insensibilidade.

As causas ainda são desconhecidas. Mas, estudos apontam algumas causas que poderiam vir a ser a raiz dessa adversidade. Por exemplo: Experiências desagradáveis da infância - pode haver uma história do exame ou o abuso sexual, negligência nos primeiros anos ou até mesmo uma condição genética.

                                                                                                   

Tipos de Transtornos de Personalidade

Borderline, Obsessivo- compulsivo, Dependente, Histriônico, Narcisismo, Antissocial, Paranoide, Esquizotípico, Esquizoide, Esquivo.

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) divide os 10 tipos de transtornos de personalidade em 3 grupos (A, B, e C), com base em características semelhantes. Mas a utilidade clínica desses grupos não foi estabelecida.

grupo A é caracterizado por parecer estranho ou excêntrico. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:

·         Paranoide: desconfiança e suspeita

·         Esquizoide: desinteresse em outras pessoas

·         Esquizotípico: ideias e comportamentos excêntricos

 

O grupo B é caracterizado por parecer dramático, emocional ou errático. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:

·         Antissocial: irresponsabilidade social, desrespeito por outros, falsidade e manipulação dos outros para ganho pessoal

·         Bordeline: intolerância de estar sozinho e desregulação emocional

·         Histriônico: busca atenção

·         Narcisista: autoestima desregulada e frágil subjacente e grandiosidade aparente

 

grupo C é caracterizado por parecer ansioso ou apreensivo. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:

·         Esquivo: evitar contato interpessoal por causa de sensibilidade à rejeição

·         Dependente: submissão e necessidade de ser cuidado

·         Obsessivo-compulsivo: perfeccionismo, rigidez, e obstinação

 

GRUPO A

Transtorno de personalidade Paranoide

Desconfiança é o que o melhor um indivíduo com esse traço de personalidade. Extremamente observadoras, acreditam que podem ser exploradas, maltratadas ou enganadas, mesmo sem o menor indicio que isso vá mesmo acontecer. Gostam de se vangloriar, por exemplo, de que leem nas entrelinhas ou que captam significados ocultos nos mínimos gestos e detalhes, embora na maioria das vezes isso não se confirme. – Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

Assim, a pessoa com personalidade paranoide vê como ameaças à sua pessoa e integridade, qualquer indivíduo, familiar ou desconhecido, não permitindo se confiar em mais ninguém.  A paranoia e desconfiança é permanente em quem sofre desse transtorno. Por esta razão, esses indivíduos costumam ter atitudes defensivas e até mesmo agressivas perante aos demais. Manifesta, a personalidade paranoide cria uma resistência às demais pessoas, bloqueando-a dos meios externos e criando uma barreira interna emocional e psíquica. Todo o espaço lá fora é hostil e malévolo, portanto deve ser evitado ou combatido. A sua proteção é a defesa contra estes possíveis danos.

Transtorno de personalidade Esquizoide


Estranho, solitário, misantropo. Trata-se de um indivíduo refratário ao contato e cuja a presença em geral, causa um mal-estar geral inexplicável a quem convive com ele. Um estranho no ninho, que sequer cria laços com seus entes mais próximos. – Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

Eles geralmente mostram um aspecto “leve” sem reatividade emocional visível e geralmente não retribuem gestos ou expressões faciais, como sorrisos ou acenos de cabeça. Eles tendem a sentir uma sensação de distância, frieza em relação aos outros.

De acordo com Caballo (2008) Estes indivíduos apresentam características, como ausência de empatia, obtenção de reforço apenas quando sozinhos, maior grau de “racionalidade” ao agir e tomar decisões, despreocupação em relação a qualquer evento social, dando a impressão de que levam uma vida triste e aborrecida, expressão facial neutra, pouca cordialidade no trato social, introspecção, dentre outras.


Transtorno de personalidade Esquizotípico


Parasitas Excêntrico   pessoas com esse traço têm processos de raciocínio e experiências incomuns da realidade os colocam em uma fronteira tênue da normalidade. Podem se vestir de maneira excêntrica e usar um vocabulário próprio, causando estranheza quando aparecem em público pela primeira vez. – Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

 Em relação à esfera afetiva, podem ter dificuldade em reconhecer os próprios sentimentos, porém se mostram extremamente sensíveis aos sentimentos dos outros. Tal qual no transtorno de personalidade esquizoide, é notável o isolamento social.

Manifesta um padrão de deficiências interpessoais que dificultam sua presença de relacionamentos pessoais íntimos, mantendo um comportamento considerável como excêntrico e no qual ocorrem várias alterações cognitivas. Costumam ter crenças e ideias consideradas fantasiosas ou estranhas. Destaca crenças paranoicas, embora elas geralmente não atinjam o nível de delírio. Eles também costumam ter crenças e pensamentos mágicos e supersticiosos. Não é incomum que eles experimentem alterações perceptivas, como ilusões e imagens. Seu comportamento pode não se adaptar ao contexto social ou às situações que eles estão enfrentando.

 GRUPO B

 Transtorno de personalidade Antissocial


  Parasitas  predadores. Eles gostam de levar vantagem em tudo: como não têm sentimento de culpa, seduzem, mentem, abusam, manipulam, agridem e transgredem. Enfim, não se importam com regras, convenções, nem com o restante da humanidade. Na definição da Associação Americana de Psiquiatria, indivíduos com transtorno de personalidade antissocial têm “um padrão de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas”. Carecem de culpa e empatia. – Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

O conceito desta seria mais amplo, envolvendo características como falta de empatia, arrogância e vaidade excessiva, que não são consideradas nos critérios diagnósticos operacionais propostos pelo DSMIV (Blair, 2003). Uma característica essencial do TPAS é a impulsividade, que poderia ser definida como uma tendência para escolhas de comportamentos que são arriscados, mal adaptados, pobremente planejados e prematuramente executados (Evenden, 1999). A impulsividade pode se expressar de diferentes maneiras, que vão desde a incapacidade de planejar o futuro, com o favorecimento de escolhas que proporcionem satisfação imediata e sem levar em conta as consequências para si e para os outros, até a ocorrência de comportamento violento ou agressivo.


Transtorno de Personalidade Borderline 

IMPULSIVEIS e instáveis, o borderline parece viver numa montanha-russa de sentimentos. “Não é fácil ser border, viver no limite, transbordar amor, ódio, raiva e tristeza, mas tudo se acalma, o tédio toma conta e é preciso ir atrás de algo que faça sentir-se vivo. É tudo tão extremo, contraditório, complexo [...]”. Equilíbrio é uma palavra que não existe no vocabulário dessa personalidade.  – Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

As pessoas com esse traço vivem aos extremos, entre amor e ódio, e a instabilidade predominante desse desvio, pode fazer com que os sentimentos se convertam a outros, em frações de segundos. Atenção aos detalhes, pois decepcioná-los poderá romper a relação de modo irreversível, visto que são intensos em relações é desmedida, mas quando se decepcionam, perdem subitamente o interesse.

A natureza intensa desses indivíduos, exige que o outro retribua na mesma moeda. Caso não ocorra a reciprocidade esperada, são capazes de reagir com chantagens emocionais, impulsividade, ataques de raiva, agressões a si mesmos ou ao outro.


Transtorno de personalidade Histriônica



Caçadores de atenção. Escolher um objeto que represente indivíduo com o transtorno de personalidade histriônica é bem simples: o holofote. Pessoas com esses traços de personalidade são intensas, extrovertidas, teatrais... Estão sempre em busca de atenção, pouco importa se é positiva ou negativa. O importante é que todos os olhares estejam voltados para elas.

Na busca por atenção, eles frequentemente tentam manipular situações e emoções alheias. Mentem, inventam histórias e fazem o que for preciso para tornar sua vida mais interessante, glamorosa ou sofrida. – Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

São facilmente influenciados por outros e pelas tendências momentâneas. Eles tendem a confiar muito nos outros, especialmente em figuras de autoridade que, pensam, podem ser capazes de resolver todos os seus problemas. Eles frequentemente acham que os relacionamentos são mais próximos do que eles são. Eles anseiam por novidade e tendem a se aborrecer facilmente. Assim, eles podem trocar de emprego e amigos com frequência. Gratificação adiada é muito frustrante para eles, então suas ações são muitas vezes motivadas pela obtenção de satisfação imediata.


Transtorno de personalidade Narcisista


Caçadores “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?” A indagação da madrasta da Branca de Neve reflete o comportamento da pessoa com o transtorno de personalidade narcisista. Pessoas com esse estilo estão sempre almejando o topo (lugar que consideram lhes ser de direito). - Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

Como os pacientes com transtorno narcisista precisam ser admirados, sua autoestima depende da consideração positiva dos outros e é, portanto, geralmente muito frágil. As pessoas com esse transtorno frequentemente observam para ver o que os outros pensam deles e avaliar o quão bem eles estão fazendo. Eles são sensíveis e se chateiam com as críticas dos outros e pelo fracasso, o que faz com que se sintam humilhados e derrotados. Eles podem responder com raiva ou desprezo, ou podem contra-atacar violentamente. Ou eles podem se afastar ou aceitar externamente a situação em um esforço para proteger sua sensação de autoimportância (grandiosidade). Eles podem evitar situações em que podem falhar.

 

GRUPO C

Transtorno de personalidade Esquivo

Evitativo, o medo do ridículo, da rejeição e da avaliação alheia marcam a vida dos indivíduos desse tipo. - Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

As pessoas que sofrem de transtorno da personalidade esquiva caracterizam-se por ter sentimentos de inadequação, por serem hipersensíveis às avaliações negativas e por evitar qualquer contato com as pessoas por medo de serem desaprovadas. Se bem que este transtorno tem certas semelhanças com a fobia social, diferencia-se desta, pois nesta última as pessoas evitam determinadas situações sociais, mas não as relações próximas. No transtorno da personalidade esquiva, evita-se qualquer tipo de interação pessoal; existe o desejo de se aproximar das pessoas, mas o medo de ser rejeitado é mais forte.


Transtorno de personalidade Dependente

Parasitas Simbiose  à luz da biologia, trata-se de uma relação mutuamente vantajosa entre organismos vivos. Na esfera do comportamento humano, essa é a palavra perfeita para definir o que se passa na mente do indivíduo com esse traço de personalidade. - Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

Característica essencial do Transtorno da Personalidade Dependente é uma necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso e aderente e ao medo da separação. Este padrão começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. Os comportamentos dependentes e submissos visam a obter atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de funcionar adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Dependente têm grande dificuldade em tomar decisões corriqueiras (por ex., que cor de camisa usar para ir ao trabalho ou se devem levar o guarda-chuva) sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento da parte dos outros (Critério 1). Esses indivíduos tendem a ser passivos e a permitir que outras pessoas (frequentemente uma única pessoa) tomem iniciativas e assumam a responsabilidade pela maioria das áreas importantes de suas vidas (Critério 2). Os adultos com este transtorno tipicamente dependem de um dos pais ou do cônjuge para tomar toda e qualquer decisão.


Transtorno de personalidade Obsessivo-compulsivo

Perfeccionismo eis a palavra que expressa uma das principais características de quem apresenta esse transtorno. - Livro Psicopatas do Cotidiano/2016

Pessoas com transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva são excessivamente dedicados ao trabalho e à produtividade; sua dedicação não é motivada por uma necessidade financeira. Como resultado, atividades de lazer e relacionamentos são negligenciados. Eles podem pensar que não têm tempo para relaxar ou sair com amigos; eles podem adiar um período de férias por tanto tempo que isso não acontece, ou eles podem achar que devem levar o trabalho com eles para que não percam tempo. O tempo gasto com amigos, quando ocorre, tende a ser uma atividade organizada formalmente (p. ex., um esporte). Passatempos e atividades recreativas são consideradas tarefas importantes que exigem organização e trabalho duro para dominar; o objetivo é a perfeição.

Eles planejam todas suas ações antecipadamente e em grande detalhes e não querem considerar alterações. Sua rigidez implacável pode frustrar colegas de trabalho e amigos.

Podem ser fanáticos, exigentes e rígidos sobre questões de moralidade, ética e valores. Eles aplicam princípios morais rígidos a si mesmos e aos outros e são duramente autocríticos. Eles são rigidamente deferentes com as autoridades e insistem no cumprimento exato das regras, sem exceções quanto a circunstâncias atenuantes.

 

Conteúdo elaborado por Letícia Butterfield Lourencio

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.scielo.br/pdf/rpc/v32n1/24019.pdf

https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-narcisista-tpn

https://interhelpinternacao.com.br/blog/transtorno-de-personalidade-esquizoide/

https://www.comportese.com/2017/02/transtorno-de-personalidade-esquizoide-interpretacao-analitico-comportamental

https://www.psicologo.com.br/tcc-terapia-cognitivo-comportamental/o-que-e-o-transtorno-de-personalidade-paranoide/

https://mancinipsiquiatria.com.br/transtorno-de-personalidade-esquizotipica/

https://maestrovirtuale.com/transtorno-esquizotipico-da-personalidade-sintomas-causas-e-tratamento/

https://gazetadotriangulo.com.br/neuropsi/neuropsi-o-que-e-transtorno-de-personalidade-esquiva/

https://www.psiquiatriageral.com.br/dsm4/person3.htm

 

Blogs de Letícia Butterfield

https://discipulosdapsicologia.blogspot.com/ (Blog voltado a Psicologia)

http://cadernodale.blogspot.com/ (Blog voltado a conteúdos estudantil – Médio e Superior)

http://belmirorosario.blogspot.com/ (Blog voltado ao ensino de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais)

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Intasgram: @_professorandocomamor

 



sábado, 30 de maio de 2020

Relatório de Observação ao Desenvolvimento e Aprendizagem de uma Criança Autista

psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem      

Para compreender o comportamento, as transformações e as interações das pessoas, o conceito de psicologia do desenvolvimento é imprescindível. Pois a mesma contribui para humanização da escola, aperfeiçoamento da prática docente, e oportuniza aos alunos o pleno desenvolvimento.


Desenvolvimento infantil será tema de minicurso na Unifesspa ...
OBJETIVO DO RELATÓRIO 
Reconhecer nos sujeitos os aspectos do desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e social.
Construir uma análise crítica das observações realizadas a luz das diferentes teorias do desenvolvimento da aprendizagem.

INTRODUÇÃO
A psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e os comportamentos humano, delineados a partir dos domínios biossocial, cognitivo e psicossocial. Portanto, faz-se fundamental no estudo da infância, adolescência e consequentemente na prática docente.
Com base nessa afirmativa, a proposta do relatório a ser apresentado é a representação da prática e da teoria, como elementos indissociáveis. Ministrado por informações pertinentes para o aperfeiçoamento da atuação do pedagogo e desenvolvimento do educando.
Como método comparatório e com finalidade de aprimorar a assimilação do conteúdo, o trabalho possui referenciais de teóricos como Jean Piaget, Sigmund Freud, Lev Vygotsky, Erik Erikson, Frederic Skinner, Paulo Freire e Henri Wallon, através de suas concepções que contribuíram positivamente para revolução do processo de ensino-aprendizagem.

Dados do(a) aluno(a) observado(a)

Nome: Giovana

Idade: 5 anos

Escolaridade: Pré-escola I

Período de observação: 22/09/2019 a 22/10/2019

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO

PRIMEIRA SEMANA DE OBSERVAÇÃO
De acordo com a psicologia para que o educando possa se desenvolver em pleno potencial humano, é necessário que seja ofertado a ele um ambiente saudável. Mediante a essa perspectiva, pode-se afirmar que o espaço escolar em que a Giovana se encontrava era um ambiente adequado, pois havia compreensão sobre a aluna, seu nível de desenvolvimento, possibilidades, graus de dificuldades, como sua forma de interação e reação a estímulos. Além disso, era muito bem acolhida por seus colegas que compreendiam que em alguns momentos ela teria que sair da sala ou fazer gestos repetitivos para se acalmar, etc. 
Ao longo da observação, tornou-se aparente como dezenas de características se enquadram perfeitamente aos três domínios predominam nas diferentes etapas da vida, o que reafirma a eficácia da teoria de Jean Piaget sobre conhecer a criança estudando seu domínio biossocial, cognitivo e psicossocial. 
Devido ao TEA (Transtorno do Espectro Autista) a Giovana mostrava-se uma criança muito hiperativa e por meio de sua hiperatividade torna-se visível sua predisposição para habilidades físicas/psicomotoras. Apesar de mostrar-se adaptada com os barulhos de uma sala de aula, era notável que possuía uma audição apurada, amava mexer com tintas e pintar com suas próprias mãos. Seus pais estabelecem uma rotina para que além das terapias e aulas, ofertem fatores sociais que possam contribuir para seu desenvolvimento e proporcione também uma melhoria no déficit de relacionamento.
Suas emoções tendem a ser instáveis, passa a maior parte do tempo tranquila, mas repentinamente pode entrar em uma crise, levando-a a ter um temperamento mais elevado. Uma menina que não apresenta comportamentos agressivos, não é muito afetuosa mas em alguns momentos consegue se achegar a alguns colegas para brincar, dividir alguns brinquedos, mas sem ações muito radicais.
Um ponto forte e extremamente marcante do autismo é o hiperfoco, que faz com se tornem os melhores naquilo que gostam, pois a isso voltam sua percepção e consequentemente obtém o discernimento do conteúdo e o mesmo acaba a oferecer estímulos a sua memória e linguagem. Essa característica diz muito sobre como trabalhar com essa aluna, pois ao trazer o conteúdo da forma como ela gosta trará bons resultados.
Através das informações descritas e pautadas respectivamente nos domínios segundo Piaget, nota-se que analisar o aluno através que desses domínios, permite ter visão biossocial que implica o conhecimento de sua saúde e contexto social, psicossocial que diz respeito ao temperamento e emoções. Com esse conhecimento, o docente atribui valores a sua prática mediadora no processo de desenvolvimento e aprendizado quando conhece o aluno.

SEGUNDA SEMANA DE OBSERVAÇÃO
No início da segunda semana a menina mostrava-se hiperativa somente em momentos nos quais envolviam muitas ações de várias pessoas. Durante a apresentação da peça teatral “João e o Pé de Feijão” queria tocar em tudo, estar em relação com os objetos, imitar aqueles que apresentavam a peça, como no estágio sensório-motor e ao mesmo tempo tantos porquês relacionados a eles como no estágio pré-operatório.  
Por volta do meio da semana, durante um momento de pintura nas mãos, a aluna pediu que pintasse nela uma vaca, totalmente diferente das pinturas que estavam sendo feitas, e assim fiz. Enquanto continuava as pinturas em outros colegas, ela se mostrava eufórica, caminhava e dava pulos, depois voltava, olhava a pintura dos colegas e as borrava, e rapidamente tentar mexer nas tintas. Como descrito no início, a turma compreende Giovana, mas mesmo assim tinha que contornar a situação, pois eles também tinham que participar desse momento. Como outra forma de usar a compreensão das crianças, sempre que ela se aproximava pedia que esperassem enquanto deixava que ela fizesse uma pintura em mim, que foi quando mais chamou minha atenção. Falava perfeitamente as partes da planta enquanto pintava uma flor amarela em meu braço “Primeiro uma bola, depois as pétalas, o caule...” quando terminava caminhava novamente, dava saltos e depois voltava para pintar outra flor mim, por cerca de três vezes e não importava qual criança estivesse com a vez, sempre se mostravam empáticos. Essa momento definitivamente foi um marco na minha concepção pedagógica e ressalta o valor da afetividade pregado por Henri Wallon pois tanto a menina como a turma tem a capacidade de ser afetados positivamente por situações internas e externas e também traz a memória a teoria de Vygotsky que diz que a criança constrói conhecimentos, permanentemente, nas situações de interação e interlocução que vive dentro e fora da escola – que aprende com o professor, com outras crianças e adultos. Ou seja, através da observação do teatro assistido e que no mesmo foi apresentado o ciclo das plantas e suas partes, interação com os objetos, a aluna construiu novos conhecimentos e ao mesmo tempo se desenvolveu.

TERCEIRA SEMANA DE AVALIAÇÃO

A professora ministrou aulas sobre animais de fazenda. Giovana mostrou-se extremamente focada, e amava quando a professora falava sobre a vaquinha. A menina ficou muito empolgada quando em uma das aulas, tirou o leite do animalzinho. Para isso foi utilizada uma vaca de pelúcia e luvas de silicone para simular de fato o animal e as crianças participarem de forma lúdica. Mediante a tanto apreço que a menina demonstrava, lembrei que esse era o pedido da menina na hora da pintura, uma vaca! 

Esses fatos fazem com que transpareça o hiperfoco da criança autista e a importância associar a prática aos domínios cognitivos, psicossociais, biossociais e aspectos culturais. Paulo Freire, no durante o processo educacional, deve ocorrer trabalhos com temas geradores, extraídos da realidade e do meio do aluno, afim de promover uma consciência.

Ao trazer temas que fazem parte do contexto social da criança ou um assunto que seja do interesse da mesma, vai gerar um entusiasmo que irá neutralizar a aula e facilitará a assimilação do conteúdo, tirando-o de um contexto de memorização e colocando-o, de fato, como aprendizado. 

QUARTA SEMANA DE OBSERVAÇÃO:

Giovana mostrou-se em equilíbrio com a percepção e participação. Esse fator, reflete como um resultado positivo de ministrar uma aula levando em consideração as características da turma/aluno e seu contexto social. A partir disso, passou a desenvolver-se melhor nas atividades e apresentou melhoria em sua coordenação motora e interações sociais.  

DESCRIÇÃO DA ALUNA COM BASE NA OBSERVAÇÃO:

Giovana é uma aluna com Transtorno do Espectro Autista, matriculada na modalidade infantil pré-escolar da rede pública – região oeste do Rio de Janeiro. 

Devido os déficits e problemas comportamentais que uma criança com TEA apresenta, no início da observação a menina mostrava dificuldade no desenvolvimento psicomotor, que obteve uma melhoria significativa devido a atividades lúdicas em sala de aula e atividades da aula de Educação Física, e também contribuiu para que ela conseguisse, aos poucos, perceber os limites entre seu interno e externo. 

Sua memória mostra excelentes resultados de seu hiperfoco, levando-a a ter um aprendizado significativo. 

Apesar de ser bem acolhida em sua turma, a menina ainda apresenta dificuldades de interação social em muitos momentos de seu cotidiano escolar. Em momento algum age com agressividade.

OBSERVAÇÃO COM BASE NAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO
A Psicologia do Desenvolvimento tem como finalidade observar, descrever e explicar as principais mudanças vividas pela criança durante seu desenvolvimento. A observação descrita nesse relatório, ressalta a contribuição de teóricos por meio de suas concepções.

Frases de Freud | 105 frases de Sigmund Freud | Psicoativo ...

Sigmund Schlomo Freud (1856/1939) foi um médico neurologista e é conhecido como o “pai da psicanálise”, por conta da sua extensa contribuição para o surgimento desse campo clinico que tem enfoque na psique humana. Formulou teorias como do “Id, Ego e Superego”, do “Complexo de Édipo” e do “Desenvolvimento Psicossexual”. 

O primeiro grande conceito desenvolvido por Freud foi o de Inconsciente. Freud concebeu o inconsciente como a instância onde se acumula a energia que está na base da construção do humano, reduzindo essa grande “fonte energética” ao impulso ou pulsão sexual.
Ele afirmou que nada ocorre por acaso e, muito menos, os processos mentais. Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos o que o precederam (determinismo psíquico). Em termos de sexualidade que ele explorou o mundo do inconsciente. É neste contexto que aparecem os diferentes estágios do desenvolvimento:
1ª fase – Oral, de 0 a 1 ano, 2ª fase – Anal, de 1 aos 3 anos, 3ª fase Fálica, de 3 aos 5 anos, 4ª fase Latente, dos 5/6 anos, até a puberdade, por volta dos 12 anos, 5ª fase Genital, a partir dos 11/12 anos, até que o adolescente atinja a vida adulta.

As características de Giovana enquadram na fase Latente visto que a menina apresenta-se mais calma e sem atenção voltada para a região genital. Já desenvolve competência a nível estudantil e gasta parte de sua energia em atividades.

chema garza: desarrollo humano segun erik erikson

Erik Homburger Erikson (1902/1994) foi um psicanalista responsável pela Teoria do Desenvolvimento Psicossocial. Essa teoria possui oito fases (ou estágios) que contribui para formação da personalidade, pois decorrem do nascimento até a morte, pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê e de infância, e as três últimas aos anos adultos e à velhice. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial, composta de uma vertente positiva e uma negativa. As oitos Fases do Desenvolvimento Psicossocial são: Confiança x Desconfiança (até o primeiro ano de idade), Autonomia x Vergonha e Dúvida (segundo e terceiro ano de idade) Iniciativa x Culpa (quarto e quinto ano de idade), Construtividade x Inferioridade (sexto ano até décimo primeiro ano de idade) Identidade x Confusão de Papéis (décimo segundo ano até décimo oitavo ano de idade),  Intimidade x Isolamento (jovem adulto), Produtividade x Estagnação (meia idade), Integridade x Desesperança (velhice) 

Giovana encontra-se na 3ª fase (Iniciativa x Culpa) pois muitas vezes mostrou-se curiosa, tomando iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos, como por exemplo, quando perguntava tudo sobre a peça teatral de João e o Pé de Feijão. A vertente negativa (Culpa) não ficou aparente durante a observação, mas caso a menina fosse reprimida ao ter suas perguntas ignoradas, ou inferiorizadas poderia desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua interação e até mesmo atrasar o seu desenvolvimento de aprendizagem.

Jean Piaget" by Merch House | Redbubble

Jean William Fritz Piaget (1896-1980) foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX.  

A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento, considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana, conhecidos como Estágios do Desenvolvimento, que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento São eles: sensório-motor (do nascimento aos 2/3 anos), pré-operatório/intuitivo (dos 2/3 aos 6/7 anos), operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) e operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) 

Giovana está no estágio pré-operacional, pois, de acordo com Piaget, nessa etapa a criança inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. Aluna é cheia dos porquês, entusiasmada e sempre que possível tenta trazer suas imaginações para a realidade através do famoso “faz-de-conta”.

B F Skinner by Jonathan Williams on Dribbble

B. F. Skinner (1904/1990), o cientista do comportamento e do aprendizado, um psicólogo behaviorista, inventor e filósofo norte-americano.

A Educação foi uma das preocupações centrais de Skinner, à qual ele se dedicou com seus estudos sobre a aprendizagem e a linguagem. Para o psicólogo behaviorista norte-americano, a educação deve ser planejada passo a passo, de modo a obter os resultados desejados na "modelagem" do aluno.
A palavra chave da teoria de Skinner é comportamento. Para ele, a aprendizagem concentra-se na capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis. Ele defendia que dessem aos alunos "razões positivas" para estudar. “Para Skinner, o ensino deve ser planejado para levar o aluno a emitir comportamentos progressivamente próximos do objetivo final, sem que para isso precise cometer erros”.
O comportamento da Giovana expressava muita hiperatividade, mas ao receber estímulos através de aulas que a levavam a ter foco no conteúdo, o comportamento foi se aliando, pois haviam razões positivas para estudar.

 
CONCLUSÃO

Conclui-se que a psicologia é um vasto campo, que atribui a prática docente, através de ferramentas capazes de revolucionar o ensino, tendo como finalidade o desenvolvimento pleno do aluno.  Sem essas ferramentas, o aprendizado do aluno torna-se vago, sem significado, o que pode ocasionar até mesmo em um fracasso escolar.
O estudo que a Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem oferta, humaniza o processo de ensino aprendizagem, quebrando um paradigma que coloca a criança em um contexto no qual ela apenas receberá conteúdos que deverá aprender ou memorizar, quando na verdade precisa-se de muito mais para que de fato haja um aprendizado.
Se o papel do professor é ensinar e o do aluno é aprender, a Psicologia da Aprendizagem tenta contribuir como uma ponte, para que este processo de ato pedagógico, tenha êxito.
Por meio das teorias do desenvolvimento, amplia-se o olhar pedagógico, pois ela atribui significados a cada etapa do processo estudantil, ajudando o docente a adaptar e ajustar seu ensino de acordo com o nível dos alunos e seu contexto social, formando um indivíduo plenamente desenvolvido.

 

REFERENCIAS

Conteúdo das aulas 1 a 10 da disciplina da Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem

Conteúdos da Apostila de PALET, elaborada pela pedagoga Mariana Lima

https://mundoeducacao.uol.com.br/psicologia/sigmund-freud.htm

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/teoria-de-sigmund-freud-acerca-do-desenvolvimento-humano/26809

https://psicologado.com.br/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/teoria-psicossocial-do-desenvolvimento-em-erik-erikson

https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm

http://discipulosdapsi.blogspot.com/2018/05/vida-e-obra-de-b-f-skinner.html

http://www.educacao.pr.gov.br/Noticia/psicologia-da-aprendizagem-na-pratica-do-professor



Relatório feito por: Letícia Butterfield e avaliado pela professora Roseli Cantalogo Couto da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem do curso de Pedagogia a nível superior. Conceito A.



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